segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Dunder Mifflin sem Michael Scott


Faço parte dos poucos que ainda assistem The Office. A série deve ter boa audiência nos Estado Unidos; se não tivesse, não continuaria aí, em sua oitava temporada. Mas não conheço ninguém, dentre a galera que sigo no Twitter, que ainda assista.

Desde a temporada passada, na verdade, eu já não via ninguém comentando sobre a série na timeline. Minha paixão é sitcom. Assisto a quase todas as sitcoms que existem atualmente, mas dramas de 42 minutos, só assisto a duas (FRINGE e The Vampire Diaries). A paciência anda meio curta para aturar os dramas da ficção. Prefiro assistir comédia para distrair. De drama já basta a vida!

The Office! Sou tiete do Steve Carell, o ator que vive o protagonista da série, Michael Scott, então eu sempre fui muito suspeita para falar a respeito (também sou suspeita para falar de 30 Rock e de Parks and Recreation já que também sou tiete da Tina Fey e da Amy Poehler). Mas, infelizmente, Steve Carell não faz mais parte do elenco de The Office. Eu tinha muito medo do rumo que a série tomaria depois dessa mudança drástica (eu e a torcida dos Knicks).

Toda grande mudança em uma série pode acarretar uma queda vertiginosa na audiência (veja o que está acontecendo com a quarta temporada de FRINGE!). Mas há mudanças e mudanças. Algumas mudanças são escolhas dos próprios produtores da série (como ocorreu em FRINGE); no caso de The Office, foi o próprio ator que avisou que não participaria da oitava temporada, e os produtores tiveram que se virar.

Como toda fã de uma série, e principalmente de um personagem magnífico como Michael Scott, eu não quis acreditar. Sair um personagem de uma série já é um baque que os fãs sentem no coração. Mas tirar o protagonista? Eu não dava nem um mês para a audiência despencar e a emissora cancelar a série depois de sete anos de sucesso (foi o que aconteceu com Scrubs após seu protagonista sair na nona temporada).

Felizmente, teve solução. Inicialmente, Carell dizia que não participaria da oitava temporada. Depois, ele disse que havia tomado a decisão de se afastar da série ainda na sétima para que os fãs pudessem se acostumar com o novo chefe (seu personagem era o chefe de uma empresa de papel).

Enquanto os fãs aproveitavam os últimos episódios com Michael Scott, ouvíamos milhares de conjeturas a respeito de quem tomaria seu lugar como gerente regional da filial de Scranton da Dunder Mifflin. Jim Carrey, Ray Romano (de Everybody Loves Raymon e Men of a Certain Age), James Spade e Will Arnett (de 30 Rock, Arrested Development, Running Wilde e Up All Night) foram alguns dos cogitados para assumir o lugar de Steve Carell. Ricky Gervais, que viveu o mesmo papel que Carell na versão britânica (e original) da série, também foi cotado para assumir.

Para a nossa alegria, todos os atores que disseram que assumiriam o novo personagem deram as caras na season finale da sétima temporada. Cada um deles apareceu como um personagem que participava de uma entrevista de emprego para assumir o cargo de Michael Scott. Antes mesmo de Steve Carell anunciar sua saída, Kathy Bates (Harry’s Law) ingressou na série e sua empresa fictícia comprou a Dunder Mifflin. Por causa disso, muitos diziam que era ela quem tomaria o lugar de Carell.

James Spade, que participou da season finale, acabou conseguindo um lugar na série. Seu personagem era tão contundente em suas ideias, que a própria Jo (personagem da Kathy Bates) foi convencida por ele a deixar seu cargo e coloca-lo na presidência de sua empresa.


O novo chefe

A escolha no novo chefe foi uma surpresa, que só ficamos sabendo na season premiere da oitava temporada. Andie Bernard, o underdog mais Forever Alone da série foi nomeado o gerente regional da filial. Uma surpresa para os fãs (que acreditavam que seria o Jim) e uma surpresa para os outros personagens, já que Andie entrou na empresa depois deles.

Andie (vivido pelo magnífico Ed Helms, de Se Beber Não Case) é mais um dos personagens sem noção da série. Não estou utilizando uma linguagem desleixada aqui. Quem assiste à série vai concordar comigo: Não há outra palavra para descrever alguns personagens de The Office do que “sem noção”.

Andie deve ser comprador assíduo da grife Agostinho Carrara.

Andie foi noivo de uma colega de trabalho, que tinha um caso com um outro colega de trabalho. Todos sabiam... menos ele. Depois se apaixonou pela nova recepcionista da empresa. Que logo o largou, também por outro colega de trabalho. Além dessas desventuras do coração, Andie tentou tão sofregamente se aproximar de seu chefe quando foi transferido para a filial de Scranton que todos passaram a vê-lo como o puxa-saco.

Depois de dizer essa frase, Andie deu um soco na parede e foi internado numa clínica para controlar seus ataques de raiva.

É difícil mesmo imaginar o porquê de Andie ter sido escolhido como o novo chefe. Só posso garantir que, depois de pensar a respeito, percebi que foi a melhor escolha. O Jim seria muito “normal” para uma série tão retardada como The Office. Dwight... ninguém em sã consciência colocaria Dwight Kurt Schrute responsável por absolutamente nada na face desta Terra!

Andie quer fazer tudo certo. Quer ser o melhor e agradar a todos. Conhecemos a família do personagem nesta oitava temporada e vimos que ele é o underdog Forever Alone até mesmo na família, onde o irmão mais novo é o favorito (o irmão mais novo de Andie foi interpretado pelo músico Josh Groban).

Colocar Andie Bernard como chefe, depois de Michael Scott, foi a maneira que os produtores encontraram de continuar com a série (e com a empresa) sem que tudo ficasse normal demais para os padrões da série. Até o momento, a troca está dando certo.


A série

Quem gosta de personagens sem noção nenhuma da realidade, que não obedecem ao padrão hollywoodiano de beleza e que não são bem-sucedidos na vida pessoal e nem na profissional, recomendo The Office.

A série mostra mulheres feias e acima do peso. Homens mal humorados que trabalham num emprego que detestam só porque precisam sustentar a família. E ter o chefe mais sem noção do mundo não ajuda nem um pouco a gostar de vender papel.

Michael Scott gostava de ver seus empregados como família. Queria que todos fossem amigos e se amassem. Queria que todos vissem o escritório como um lugar de prazer e não de dever. Como ninguém o levava muito a sério, muitas vezes Michael extrapolava nas tentativas e causava situações embaraçosas entre seus funcionários, como beijar um funcionário homossexual para mostrar que não havia preconceitos, ou atacar uma funcionária que havia sido assediada sexualmente para mostrar que não tinha motivo a temer.

Esta é uma das piadas mais usadas por Michael Scott, mesmo no meio de uma reunião com seus superiores.

A sem-noçãozice (eu e minha mania de criar palavras) de Michael Scott faz falta sim! Mas a série continua excelente! As brigas e pegadinhas entre Jim e Dwight continuam as mesmas (graças a Deus!). Os personagens continuam do mesmo jeito desregrado e sem absoluta noção do que estão fazendo. Pelo menos com isso a gente pode contar.

Dwight e Jim. Os personagens que mais se engalfinham.

Muita gente não curte a série pelo formato. Ela é gravada como se fosse um documentário, com os personagens conversando com a câmera em um momento de confissão. Mas, a meu ver, é justamente isso que faz com que a série seja tão engraçada, porque podemos ver o que os personagens realmente pensam e planejam. Os momentos em que Michael Scott conversava com a câmera renderam as melhores pérolas da série.

Algumas:

“I love inside jokes. I'd love to be a part of one someday.” – Eu adoro piadas internas. Adoraria fazer parte de uma algum dia.

“People ask me, would you rather be feared or loved. Um, easy. I want people to be afriad of how much they love me.” – As pessoas me perguntam, você prefere ser temido ou ser amado. Essa é fácil. Eu quero que as pessoas tenham medo do quanto elas me amam.

“Nobody likes beets, Dwight! Why don't you grow something that everybody does like? You should grow candy.” – Ninguém gosta de beterraba, Dwight! Por que você não planta alguma coisa que as pessoas gostem? Você deveria plantar doces.

“I don't understand. We have a day honoring Martin Luther King, but he didn't even work here.” – Eu não entendo. Nós temos um dia para honrar Martin Luther King, mas ele nem trabalhou aqui.

“Wikipedia… is the best thing ever! Anyone in the world can write anything they want about any subject. So you know you are getting the best possible information.” – Wikipédia é a melhor coisa do mundo! Qualquer pessoa no mundo pode escrever qualquer coisa que quiser sobre qualquer assunto. Então você sabe que está conseguindo a melhor informação possível.

Olha o nível do chefe!

A beleza da galera de The Office.


The Office é a versão americana de uma série britânica, que tinha o mesmo nome. Eu, sinceramente, não achei muita graça na versão britânica. The Office é uma raríssima exceção onde a versão americana é melhor que a britânica.

Um comentário:

  1. Execelente. Muitos Parabens pelo texto! Sou um fã de The Office, estou a espera dos novos episodios. Enquanto isso ja revi a serie quase toda, ja vou no final da 7 temporada :D

    Isso da serie ser gravada como um documentario, e das personagens falarem "no confessionario". É o que eu mais gosto! Começei a ver Modern Family agora, porque tambem tem esse tipo de interaçao das personagens com o publico.

    The Office FTW!

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